Lulinha comemora gol no Pan-Americano de 2007, quando era a estrela da seleção
Homem de R$ 105 milhões, Lulinha deixa Corinthians de graça após 5 anos: "ainda tenho muito o que fazer"
Foram quase 300 gols como atleta da categoria de base do clube.
Artilharia de campeonatos como Taça São Paulo e em competições
internacionais pela seleção brasileira sub 17. Cobiça de clubes europeus
mesmo antes da profissionalização.
Isso tudo fez com que Luiz Marcelo Morais dos Reis, o Lulinha, virasse
uma das maiores esperanças do futebol brasileiro. Ganhou status de joia
rara no Corinthians e assinou contrato com multa de US$ 50 milhões
(aproximadamente R$ 105 milhões).
Contrato que, depois de mais de cinco anos, se encerra no final de
2012. E não será renovado. Atualmente emprestado ao Bahia, Lulinha não
foi procurado pela direção corintiana para a renovação. Pode ir para
qualquer clube, de graça. Agora, aos 22 anos, busca um recomeço.
LULINHA ENTRE 2007 E 2012
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Lulinha corre ao lado do atacante Finazzi, em 2007, quando subiu para o profissional do Corinthians
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Lulinha durante sua apresentação ao Bahia, quando chegou ao clube de Salvador no meio de 2011
“A gente sempre aguardava uma procura [do Corinthians], foi o clube que
me revelou, que comecei. Mas foi complicado para o clube, investiram
muito e infelizmente não houve o retorno que eles pensavam. Mas fui
muito feliz e agradeço ao Corinthians. Infelizmente não teve renovação;
agora é bola pra frente e procurar coisas novas”, falou.
O tempo que se fala sobre Lulinha até provoca espanto quando se comenta
a atual idade. “Quando conto que tenho 22 anos, alguns me falam ´você
está de brincadeira, né?”, diz, com bom humor.
Depois de muita expectativa, Lulinha subiu para o profissional do
Corinthians em 2007, com 17 anos. Foi dado como solução para um time
pobre tecnicamente que lutava contra o rebaixamento. Para muitos, seria o
salvador. Caiu com o time.
O jogador procura sempre não culpar fatores externos por não ter
chegado ao ponto esperado. Mas entende que a fogueira em que teve que
entrar atrapalhou o desenvolvimento. “Com certeza subi de maneira
precoce. Não de eu não estar em um mau momento, mas o Corinthians não
passava um bom momento profissional, tanto de diretoria, como no
campeonato. Subi em um momento difícil. O time não estava encaixando, e o
menino sobe empolgado”, contou.
“Talvez fosse melhor dar uma segurada e subir em um momento mais
estruturado, um time em um momento mais organizado. Isso acabou
atrapalhando. Mas claro que também tenho minha parcela de culpa”,
continuou.
Com jeito tímido e tranquilo, Lulinha diz que só o momento impróprio
pode ser colocado como fator externo que interferiu. Não teve vaidade,
balada ou falta de preparo psicológico em função de deslumbramento. Nem
nunca sentiu possível boicote do time profissional por inveja de suas
condições contratuais.
“Nunca teve nada disso. Sou um cara de família, meus pais me deram
conselho. Nunca deixei subir pra cabeça. Futebol é fase. A fase do time
[quando subiu pro profissional] não era nada boa. Os jogadores me
ajudaram quando eu subi. O Betão, por exemplo, era um dos que mais
conversavam com a gente”, falou.
MOMENTO INADEQUADO
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"Talvez fosse melhor dar uma segurada e subir em um momento mais estruturado, um time em um momento mais organizado."
Depois do rebaixamento, o jovem jogador fez parte do elenco que obteve o
acesso da Série B para a Série A novamente, em 2008, e também das
conquistas do Campeonato Paulista e Copa do Brasil de 2009. A ansiedade
da torcida para que estourasse como grande craque continuava. Mas teve
poucas chances ao ver a concorrência de nomes como Ronaldo, Jorge
Henrique, Dentinho Herrera e Souza, entre outros. Nesse tempo, ainda
passou pelos portugueses Estoril e Olhanense.
Lulinha admite que foi difícil jogar com o imenso peso nas costas de
ser considerado uma das maiores promessas do futebol brasileiro antes de
se tornar profissional e conviver com a ansiedade externa para que
estourasse de vez. “Foi difícil, muito complicado. Vivi momentos
difíceis. Estava subindo para o profissional e foi complicado segurar
esse rojão. Tem que estar com a cabeça boa. Isso atrapalhou muito.”
Este ano, Lulinha sofreu com lesões que o deixaram muito tempo de fora
do time do Bahia. Fez cinco gols apenas o ano todo. Em 2011, havia feito
o mesmo número em uma passagem mais curta, já que chegou só no meio do
ano. Fez bons jogos pelo clube e virou um dos xodós da torcida e foi
apelidado de “amuleto”.
“Sempre quando entrava nos jogos fazia aquela bagunça, e aí o pessoal
passou a me chamar de amuleto. E pegou. Falam bastante que quando eu
entro, mudo a história do jogo. Pra mim foi uma experiência muito boa
jogar no Bahia. Fomos campeões baianos, e é sempre importante para o
jogador ter título. É uma torcida muito grande.”
Não diz se vai continuar no Bahia ou se pensa em jogar em outro clube
do Brasil ou do exterior. Quer dar tempo ao tempo para esperar mais
possíveis interessados e aí sim tomar uma decisão. “Estou esperando.
Agora vou estar com passe livre e surgiram algumas propostas. Vou tomar a
decisão mais para frente. Tenho 100% do meu contrato na mão, fica bom.
Ainda tenho que analisar todas as propostas.”
PRESSÃO PARA RENDER O ESPERADO
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"Vivi momentos difíceis. Estava subindo para o profissional e foi complicado segurar esse rojão."
O ainda jovem jogador se vê com muito potencial e se diz animado e
esperançoso para o próximo ano. “Subi para o profissional com 16 anos.
Ainda tenho muito o que fazer. Estou tranquilo e tenho o sonho de voltar
a brilhar como brilhei na base. Não adianta o que fiz na base. A
carreira vale mesmo depois do profissional. Estou motivado”, contou.
Para o prosseguimento da carreira ainda no início, Lulinha diz que
precisa aprender e se aprimorar cada vez mais. “Sempre é bom trabalhar a
parte técnica. Tem alguns fundamentos que vou bem, e outros que preciso
aprimorar, como a finalização.”